quinta-feira, 21 de março de 2013

Novos Vídeos

Fala galera.
Enquanto os novos reviews ou textos não vêem... deixo vocês com alguns vídeos que andei postando recentemente, dos trabalhos que tenho feito. Espero que gostem, abraços!



http://youtu.be/D4KmSkBdJIA

http://www.youtube.com/watch?v=90LPUjsSwcE&feature=share&list=UU1nMckHu1Njv7pd5JKFHLVQ
http://www.youtube.com/watch?v=LnqHmRGPVKc&feature=share&list=UU1nMckHu1Njv7pd5JKFHLVQ


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

DUFF McKAGAN: É tão fácil, e outras mentiras. 






Minha estréia em vídeo aqui no blog. Pessoal, eu ainda estou aprendendo (aos poucos), a fazer edições em vídeo, e este blog é feito de forma totalmente despretensiosa. Sei que a edição, não ficou grandes coisas, pretendo ir melhorando aos poucos. Espero que gostem do conteúdo. Se gostar, clica em curtir, e ajude a divulgar.
Abraços

Filipe Duarte

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Como lidar com as expectativas dentro da sua banda?

Olá pessoal?
Sim, eu sei. Já faz um bom tempo que eu não escrevo aqui no Rock Direto. Realmente a falta de tempo pegou feio nestes últimos meses, e o nosso blog aqui quase ficou um ano inteiro sem atualizações. Mas enfim, estamos no jogo e vamos nessa!
Hoje resolvi falar sobre este assunto que é a expectativa que muitos músicos de Rock e Metal criam em cima das próprias bandas. Acreditem, estas quando mal resolvidas ou direcionadas, não raro podem causar o fim prematuro da banda, ou trocas de integrantes que como todos sabem, quase sempre prejudicam o andamento do trabalho como um todo.
Aqui vão algumas das dicas que eu considero importantes para que as expectativas sejam bem trabalhadas por você e sua banda como um todo. Tenha sempre os pés no chão.
Olhe ao seu redor, procure conhecer a fundo a cena em que você se encontra. Procure se informar sobre o que está acontecendo dentro da sua cena, e também nas cenas de outros estados e países. Quais são as bandas que estão aparecendo mais na mídia? Então, faça um comparativo da sua banda, com estas. O que sua banda precisa para ocupar um espaço maior na cena?
Cuidado para não cair na armadilha da "certeza do sucesso". O sucesso é algo extremamente relativo. Tanto para bandas brasileiras, quanto para bandas americanas, européias, etc. O Heavy Metal é um segmento que proporciona ao ouvinte uma forte identificação com o seu artista preferido. Não raro o fã gosta de imitar o seu ídolo, vestir-se como ele, cantar ou tocar como ele. E muitos acabam indo um pouco longe demais neste paralelo, e chegam a alimentar a certeza de que um dia estarão lado a lado com seu ídolo, tocando em pé de igualdade, ou mesmo superá-lo. Precisamos ter em mente, que a chance disso acontecer é muito, mas muito próxima à zero. O seu ídolo percorreu o caminho que a vida trouxe para ele. Ele certamente é talentoso, teve certas oportunidades e soube aproveita-las. E por que não...também teve uma boa dose de sorte. Outro fator importante, ele começou a carreira numa outra época, em um outro mercado musical, e dependendo, talvez também em outro país, com uma realidade econômica diferente da nossa.
Se você possui uma banda e gosta de tocar Heavy Metal, e assim como eu, batalha arduamente por um lugar ao sol, seja bem vindo ao clube. Procure viver um dia, um ensaio, um show, uma música, um lançamento de cada vez. Tenha em seus ídolos uma referência apenas. Busque a SUA identidade. Por que esta será apenas sua e de mais ninguém. Faça uso das influências visando um resultado único, que seja somente seu. Você não tem garantia nenhuma de que estará no estrelato daqui a um ano. Se o seu trabalho for de qualidade, e você conseguir aproveitar as oportunidades que aparecerem, estes serão os primeiros passos para que sua banda comece a conquistar um público. O resto será consequência.

Espero ter ajudado com este post.
Dúvidas, críticas, sugestões, concordâncias ou discordâncias são sempre bem vindas.

Abraços metálicos,

Filipe Duarte










segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Um recado para a nova geração de rockeiros

Antes de qualquer coisa, para vocês que se dizem rockeiros, amantes do Rock em suas variadas vertentes e divisões, já que vocês realmente parecem precisar delas, vamos lá: Metal Melódico, Hard Rock, Death, Thrash, Speed, Prog, Epic, Glam, Sleeze, etc.
Em primeiro lugar, sejam muito bem vindos. Sintam-se em casa, e parabéns por escolher o Rock como sendo a identidade musical de vocês. Ao me deparar recentemente com um vídeo onde duas garotas, ambas na casa dos 14 ou 15 anos, que se autodenominam "muito rockeiras", e justificam isto pelo fato de fumarem cigarros Lucky Strike, por beberem Heineken, ou fazerem uso de aquela o ou outra bebida alcóolica, ou por que gostam de fazer o sinal do "chifrinho" diante de uma camera,  realmente eu me vi obrigado a reconhecer que algo não anda bem em nossa cena.

Ser rockeiro (a), não é simplesmente sentar num boteco qualquer,  fumar e ficar bêbado, como muitos aí parecem querer acreditar. Se vocês realmente gostam de Rock e Heavy Metal, eu recomendo vocês tomarem outras atitudes, além destas que vocês já tomam e julgam corretas.
Em primeiro lugar, conheçam o Rock. Nem sempre o acesso a música foi tão fácil como agora. Acessem as discografias das bandas que vocês dizem gostar e ouçam os discos que elas já lançaram. Vocês que se dizem fans de Axl Rose, e acham ele um cara muito fodão... Por acaso, já ouviram o Appettite for Destruction? O Lies? Sem contar os Ilusions? Saberiam diferenciar os timbres dos solos do Slash e do DJ Ashba ou do Bumblefoot? Aliás, vocês sabem quem são estes dois últimos citados?
Aliás, vocês sabem como foi que a banda surgiu, o que aconteceu na fase que antecedeu o sucesso deles?
Recomendo a biografia do Slash em português que pode ser encontrada em qualquer boa livraria. Além de excelente leitura, vocês ainda vão aprender muito sobre a vida deste excelente músico de Rock. Aliás, várias das grandes bandas já possuem suas biografias lançadas em nossa língua.

Gostam de Motley Crue? Já conhecem os álbums clássicos como Shout at the Devil, Girls Girls Girls?
Metallica? Já ouviram pelo menos os cinco primeiros inteiros? Sabem quem foi Cliff Burton?
Iron Maiden então? Já conhecem os álbuns clássicos dos anos 80, como Powerslave, The Number of the Beast, entre outros? Conhecem o material da banda com os outros vocalistas Paul di Ano e Blaze Bayley?
Aaahhh, peraí..deixe me ver se entendi. Você se auto denomina simplesmente Hard Rock, portanto não ouve metal? Ou o contrário? Me desculpe mas tenho pena de você. Ambos estilos são mais do que irmãos, e sempre andaram juntos mais do que grudados. Um praticamente não vive sem o outro. Alguém sabe me dizer se Ozzy Osbourne por exemplo seria Hard ou Metal? Talvez as opiniões se dividam aqui, mas eu arriscaria dizer sem nenhum problema que ele é uma mistura dos dois, pois possui elementos de ambos gêneros. Alguns discos tendem mais para um outros mais para outro. E assim vai. Você tem o direito de escolher o que quer ouvir ou se identificar, mas deveria pelo menos se informar bem à respeito da origem e desenvolvimento do seu gênero favorito. Eu poderia escrever por horas aqui, só mencionando os clássicos e recomendando álbuns para audição.
Como eu disse no início, vocês são mais do que bem vindos à nossa cena. Por favor, não quero que se sintam intimidados com este meu texto. Gostaria simplesmente que vocês curtissem rock da maneira como isso realmente deve ser.
Quem fuma e bebe para se "sentir rockeiro (a)", está simplesmente prejudicando a própria saúde e vivendo a ilusão de ser algo que não é. Afinal de contas, pagodeiros, sertanejos e os "axés" da vida também fumam e bebem. Quem nunca viu as propagandas de cerveja com estes gêneros citados? Só para constar, os principais nomes do Rock e do Metal ainda em atividade, já largaram as drogas à muito tempo, e dizem para quem quiser ouvir que só permanecem em atividade, por que largaram as drogas e o álcool. Este último, pelo menos, deixaram de lado o abuso.
Quem for ler a biografia do Slash, vai constatar, de acordo com o texto, a sorte que ele possui por ainda estar vivo, depois de tudo que ele usou. O Ozzy Osbourne então..nem se fala! Leiam as bios deles e tirem as próprias conclusões!

Por favor, não quero que pensem que eu os condeno por fumarem e beberem. Cada um faz o que bem entende com o próprio corpo. Agora dizerem que são rockeiros simplesmente por que fazem isso, me desculpem, mas quem ensinou isso a vocês definitivamente está muito mal informado.
Àqueles que estão começando a tocar, se dediquem aos seus instrumentos de verdade, se isso for realmente o que vocês querem fazer. Procurem estudar música em uma escola ou com um professor especializado, ao invés de simplesmente tentarem aprender em casa diante do computador.
Aos rapazes, não achem que ser rockeiro é simplesmente se dar bem com as garotas. Conheço "rockeiros" que montam bandas tendo este como único ou principal objetivo e até hoje não vi nenhuma destas bandas durarem por muito tempo.
Simplesmente por que o tempo, meus amigos... É algo que simplesmente vai embora antes que a gente perceba. Aliás, para a galera que tá começando banda, aqui vai outro recado: Estão pensando em fama fácil? Acham que vão ser rockeiros fodões da noite pro dia, famosos com muitas groupies atrás de vocês e muito dinheiro no bolso?
Ou seja, vocês se olham no espelho e vêem o Axl Rose ou o Bruce Dickinson de amanhã?
Façam um favor a vocês mesmos: Invistam em outro estilo musical, como o sertanejo ou pagode, por que no Rock vai ser um pouco difícil esta escalada para a fama que talvez vocês almejem. Outra dica é tentar anualmente fazerem parte de reality shows como Big Brother e afins, tentem ir em programas ridículos como Ídolos, Fama, etc.. estes sim podem dar à vocês uma chance de serem famosos...nem que seja por alguns minutos. (Se bem que para muitos só isso basta).

Querem saber então o que é ser rockeiro (a) de verdade? É apoiar às bandas de Rock, Hard e Metal que atuam na sua região. E eu não estou me referindo apenas às bandas cover, que apenas reproduzem os trabalhos já prontos das grandes bandas, (PS: Nada contra tais bandas)  mas também me refiro às bandas que compõem as próprias músicas e lançam os seus trabalhos. Querem realmente mostrar uma atitude rockeira foda? Compareçam ao show destas bandas! Não conhecem elas? Aposto com você que elas possuem um perfil no Myspace, ou similar, onde vc pode ouvir suas músicas.  Eu garanto que vocês irão se surpreender com a variedade e qualidade de muitas delas. Mesmo que o show seja para poucas pessoas, vá! Seja uma destas poucas privilegiadas. Estas bandas que precisam do seu apoio hoje podem ser as bandas grandes de amanhã e já pensou você ter o privilégio de dizer que um dia você esteve no show de uma delas? Sim, meus amigos, esta é uma atitude de verdade. Façam amigos na cena, que compartilhem dos mesmos gostos que você. Se você conheceu uma banda bacana na sua cidade, ajude ela a ficar conhecida nela, entre os seus amigos e também  fora dela. Hoje em dia, com um tag no facebook ou twitter, você pode dar sua contribuição. Além de não custar nenhum centavo, e só tomar alguns segundos do seu tempo, você vai ajudar quem realmente faz o Rock N´Roll ser o que é. As vezes eu fico intrigado, em saber que qualquer evento sertanejo nos arredores de Belo Horizonte, não junta menos de 5.000 pessoas, podendo contar com as duplas mais desconhecidas possíveis. Rockeiros possuem  uma diificuldade imensa em frequentar os shows de bandas menores, simplesmente por que elas são menores. E ainda pior que isso, falam mal das bandas e torcem contra, fazem apologia ao fracasso alheio. Ao invés de nos ajudarmos para que tenhamos uma cena forte, nos destruímos uns aos outros. Não é a toa que até hoje a Rede Globo não sabe nicas de Heavy Metal, pois afinal de contas, este estilo ainda não se tornou grande o suficiente para que realmente chamasse àtenção deles, fazendo com que eles se preocupassem em contratar pessoas especializadas no gênero para pautar matérias, controlar o áudio em transmissões como do Rock in Rio, etc.

Rock N´Roll e Heavy Metal, não é apenas fama, mulheres, dinheiro, shows lotados, etc. Esta realidade na verdade, é vivida por uma parcela mínima de músicos no mundo. A grande maioria vive é de trabalho realmente pesado, pois precisam conciliar a música com outras atividades para poderem se sustentar. É organizar shows sem nenhum recurso, sem ajuda de ninguém. É montar uma banda sem ter grana para compra de equipamentos, sem local para ensaiar direito, é começar um programa de rádio com muita dificuldade e sem apoio, é organizar um festival sem patrocínio, É compor um trabalho, e lançá-lo com seus próprios recursos. Mesmo quando existem recursos para se fazer tudo isso, estes, não simplesmente caíram do céu.

Sim, meus amigos. O rock possui as suas peculiaridades interessantes, que fazem dele ser este gênero que tanto amamos. Mas nem tudo são simplesmente flores. Já vi marmanjo com mais de 30, frustrado por que não havia conseguido ser igual a este ou aquele outro músico famoso, e mais de uma vez. Sabem por quê? Por que pessoas assim não possuem autenticidade. Elas embasam a própria vida na vida de outra pessoa, e decidem que elas são merecedoras do mesmo reconhecimento que o outro obteve para si.
Não caiam neste terrível erro! Sejam simplesmente vocês mesmos. Vocês mesmos, não são iguais a mais ninguém. Simples assim. Esta é a vacina perfeita contra a frustração da síndrome do “não fui famoso (a)” como queria.  
Não quero com este texto, ditar o que é certo ou errado, pois jamais me considerarei dono da verdade. Sou nada mais que um músico, rockeiro envolvido com o estilo há 20 anos, e que durante todo este tempo, fez algo pelo Rock ou Metal, por todos os dias destes 20 anos. E ainda quero fazer muito mais em muito mais tempo.
E vocês?
Abraços e a gente se vê por aí!
Filipe Duarte

terça-feira, 19 de julho de 2011

Uma visão sobre a relação entre músicos - Parte II - O "dar certo"

Fala galera?
Depois de longos meses, eis que retorno aqui ao meu blog, com a segunda parte deste artigo, sobre relacionamentos entre músicos. Infelizmente minhas atividades não permitiram que esta segunda parte fosse escrita antes. Peço desculpas à todos pela demora.
Não poderia também deixar de agradecer pela enorme repercussão que tive com a primeira parte, com muito feedback positivo a respeito. Espero de verdade poder ajudar.

Bom, vamos lá:
Um fator crucial para a maioria dos músicos que resolvem iniciar uma banda de Rock, Hard ou Metal, é o famigerado fator "dar certo".
Um dos muitos fatores que diferenciam o Rock de outros estilos, é que o Rock possui uma enorme capacidade de gerar no ouvinte uma esperança, um sentimento, de que ele pode ser igual ao seu ídolo um dia. Isto é algo praticamente unânime. Tanto que uma das perguntas mais clichês que são respondidas em entrevistas por músicos famosos é: "Quais são suas influências?".
Ou seja, o músico responde ali, quais são os outros músicos que vieram antes dele, que o influenciaram, na sua forma de tocar, cantar, compor, agir, etc. Geralmente são músicos do mesmo instrumento (influenciador e influenciado). Um exemplo bem interessante seria Jimmy Page do Led Zeppelin que foi uma enorme influência para Joe Perry do Aerosmith que por sua vez foi e é uma enorme influência para o Slash (Guns N´Roses, Velvet Revolver) e assim por diante.
Sendo assim, o fã de rock não raro se sente instigado a começar ele também a sua própria banda de Rock ou Metal, e seguir os mesmos passos do seu ídolo. Alguns chegam a exagerar nesta influência, querendo soar e literalmente ser igual aos seus ídolos, na forma de tocar, cantar e agir. Estes normalmente optam pelo trabalho cover única e exclusivamente. (Pretendo falar disso em outro momento).
Bom, voltando à nossa questão, onde isso interfere no relacionamento entre músicos?
Simplesmente por que não raro, rolam discordâncias internas a respeito destas influências. Na primeira parte, eu mencionei o fato de músicos não se entenderem quanto ao som que gostariam de fazer, e isto muitas vezes ocorre por que as influências de um, não batem com as do outro, ou um determinado músico da banda, simplesmente "impõe" aos demais que a banda seguirá a influência X apenas. Ou seja, as portas estão fechadas para outras referências. Cabendo então aos demais músicos, aceitarem ou partirem para outra.
Agora, e o "dar certo"? Como que fica?
Uma vez, que o músico resolveu seguir os mesmos passos do seu ídolo, e deseja ser igual a ele, muitas vezes, ele tem a idéia de que a banda só irá "dar certo", quando ele atingir uma visibilidade semelhante à do seu ídolo. Ou seja, quem curte James Hetfield do Metallica, só vai achar que seu trabalho deu certo quando ele vender mais de 100 milhões de discos, e fizer turnés mundiais monstros, de dois anos e meio, como foi a turné do Black Album entre 1991 e 1993. O mesmo se aplica ao fã de Axl Rose, e assim vai.
Os fãns de Heavy Metal em geral são exigentes. Eles não gostam de se "contentar com pouco". Alguns se acham tão talentosos e tão no direito quanto seus ídolos, e por isso alguns deles dedicam boa parte de suas vidas para alcançarem algo semelhante ao que os ídolos alcançaram.
O problema que eu particularmente vejo é que estes músicos estão aí dedicando suas forças e energias, tentando seguir a sombra de um músico que já existe ou existiu, e não se dão conta de que as chances deles alcançarem semelhante posição é praticamente zero. A chance matemática de que isso venha acontecer é algo tão distante de qualquer realidade que podemos considerar como algo praticamente nulo. O tempo começa a passar e quando o músico começa a se dar conta de que ele já não tem mais 20 anos e que ele precisa começar a batalhar pela sua vida, arrumar um emprego que lhe traga renda, conseguir uma boa formação, ele começa a se dar conta de que o sonho realmente é algo distante. A ilusão começa a tomar forma, e muitos descontam esta frustração logo em quem? Nos companheiros de banda. (Que por sinal, muitas vezes o apoiaram e estiveram ali, tocando as músicas dele e servindo de suporte para o seu trabalho).
Eles passam a ser os culpados, ou pelo menos são os primeiros a sofrerem as conseqüências de uma ilusão pessimamente fundamentada de um, que jurou que seria igual ao ídolo um dia.
Muitos não param para imaginar o seguinte: O meio artístico não precisa de outro Axl Rose, ou outro James Hetfield, outro Dave Mustaine, etc. Estes já estão lá com seus lugares conquistados e o meio não precisa de outros iguais. Estes músicos, ao invés de fazerem um bom uso de suas influências e tentarem estabelecer um trabalho autoral de qualidade, com cara própria, decidem seguir os passos dos ídolos a qualquer custo, e na esmagadora maioria das vezes, vão dar de cara com o poste na próxima esquina.
Há pouco tempo, aqui em Belo Horizonte, eu estive mais envolvido com o chamado meio "Hard Rock", ou seja, o circuito de bandas, que seguem a linha de outras como: Bon Jovi, Skid Row, Motley Crue, Ratt, Poison, Guns N´Roses, e as demais bandas da década de oitenta, que marcaram época com um visual bem característico, como cabelos espetados, homens utilizando artigos femininos nas roupas, etc.
Foi muito fácil reparar que neste meio, esta ilusão é algo muito presente. E passados poucos anos, atualmente eu não vejo mais a maioria das bandas e dos personagens nelas envolvidos que até pouco tempo, tinham certeza de que caminhavam rumo ao estrelato e lá iriam dividir espaço com seus ídolos, ficar milionários, ganhar muitas groupies, e ficarem famosos.
O mais interessante disso tudo é que eu estive ali, mas nunca consegui ver esta distância que colocam entre o Hard Rock e o Heavy Metal. Para mim, ambos sempre foram estilos irmãos, que caminharam lado a lado. O próprio Motley Crue, quando começou em 81, não se encaixava em nenhuma categoria, por que o chamado Hard Rock ainda não havia estourado. (fonte: whiplash.net). O guitarrista Slash, comenta em sua autobiografia que foi recusado para ser guitarrista do Poison, pois não atendia ao "conceito visual" deles. Ele comenta que foi muito mais perguntado a respeito de marcas de roupas que usava, do que a respeito dele como guitarrista. Ironicamente, pouco tempo depois, Slash estoura com o Guns N´Roses, mesmo sendo do jeito que era. Enfim, eu hoje toco Heavy Metal, mas comecei curtindo Guns e posso tocar Hard amanhã sem problemas, por que amo ambos segmentos.
Então eu acho que esta é uma boa questão para deixar-mos no encerramento deste artigo.
Afinal de contas, o que é "dar certo"?
Seria única e exclusivamente vender milhões de álbuns, fazer turnés mundiais altamente rentáveis, ter um bom contrato com uma gravadora major, poder comprar mansões, e ficar milionário?
Se for-mos analisar, quantos músicos devem existir no mundo inteiro, e dentre estes, quantos devem viver esta realidade citada?
O conceito de "dar certo", precisa ser profundamente refletido por todos aqueles que querem lançar um trabalho na música, e em especial dentro do Rock. Você conseguir fazer os seus shows na região onde reside, conseguir um certo número de plays no myspace e youtube, pode ser também uma boa vitória a curto prazo, mesmo que não venham os contratos e as turnés mundias. 
Bandas em formação, ou inicio dos trabalhos, ou mesmo àquelas que já são iniciadas. Procurem por sua própria identidade. Saiba bem a diferença entre servir-se da influência e serví-la.
Faça o SEU trabalho! O trabalho do seu ídolo já foi feito, e está aí para quem quiser absorver. Eu sou um fã inveterado de Guns N´Roses e Metallica. Conheci ambas as bandas no início dos anos 90, e até hoje as tenho como minhas favoritas. Nada irá mudar isso. Mas eu sou eu, e eles são eles. Eu os amo, mas eu sinceramente amo o meu trabalho ainda mais.
Se irei me tornar igual a eles em termos de tamanho? Certamente não. As circunstâncias são completamente diferentes e eu não estou preocupado em andar pelo mesmo caminho de tijolos amarelos que eles. Todos nós temos o nosso próprio caminho, como músicos. Se você acredita que seu trabalho possui qualidade, nunca perca a fé nisso. Procure conquistar aqueles que assim como você gostam da música como ela é, e possuem ouvidos para ouvir, e não simplesmente roupa para vestir, ou cabelo para usar.
Situe-se no seu tempo. Viva o aqui e o agora. Faça bom uso da sua nostalgia, mas nunca esqueça de que o que passou, não voltará mais. E talvez daqui a um tempo, você se lembre dos tempos atuais com saudades e se arrependa de não ter vivido o agora com a devida intensidade que poderia, por que vc estava preso ao passado. E por isso, talvez só enxergue o presente, daqui a um tempo, quando ele já tiver virado passado.
Acho que roqueiros de um modo geral possuem uma grande dificuldade em viver o presente. Quem vive de passado é museu, e roqueiros muitas vezes se fazem de peças de museu ambulantes, que saem por aí, como se estivessem em Los Angeles no ano de 1986.
Se o presente não lhe agrada, faça dele algo melhor, por que não? E que tal usar a sua música para isso?
Abraços metálicos e até a próxima!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Uma visão sobre a relação entre músicos - Parte I

Este artigo tem como finalidade fazer uma reflexão a respeito do relacionamento interpessoal entre músicos ligados a bandas de Rock e Heavy Metal de um modo geral. Este assunto sempre me intrigou, e acho que muitos por aí também já devem te parado para se perguntar, se haveriam maneiras, ou dicas de como que estes relacionamentos podem ser melhores, ou se podem ser menos conflitantes, como na verdade o são, muitas vezes.
Eu mesmo já passei por inúmeras situações, onde houve conflitos envolvendo a mim e outros músicos com quem eu dividia uma banda, e da mesma forma também vemos o mesmo ocorrer em bandas mainstream.
Alguns exemplos podem ser citados, como a famosa rixa envolvendo David Gilmour e Roger Waters do Pink Floyd. É interessante frisar que o verdadeiro motivo do problema entre eles nunca veio a público (até onde eu sei), mas é notório de todos que os dois simplesmente não se dão. Algumas notícias mais recentes dão conta de uma reaproximação entre eles, mas nada exatamente confirmado.
Outras rixas conhecidas entre os famosos: Os irmãos Gallagher do grupo britânico Oasis, o famigerado caso David Mustaine versus Metallica, rixa esta que recentemente parece ter sido apaziguada com a turné do Big Four. Enfim, é difícil uma banda que nunca teve algum problema com algum integrante. Aqui no Brasil, também temos alguns casos conhecidos, como: Max Cavallera versus Sepultura. Lembrando que os próprios irmãos Cavallera ficaram sem se falar por cerca de 10 anos. Os integrantes das bandas Angra e Shaman (ou, devería-mos apenas mencionar André Matos), que também não se dão muito. 
Só que aqui, eu pretendo focar na realidade underground, que é aonde eu posso dizer que me insiro.
São inúmeros os casos que já presenciei de bandas que perderam integrantes, ou que mesmo chegaram a encerrar as atividades, simplesmente por que um ou mais músicos da mesma não puderam se entender em um determinado momento. Em algumas situações, a coisa chega a ficar realmente grave, envolvendo agressões verbais ou mesmo física. Em tempos de internet, o problema não raro se transfere para a realidade virtual, com boatos sendo espalhados, e o que em minha opinião é pior. Brigas e discussões via email, msn e afins.
Bom, vamos pensar no seguinte: A primeira coisa que temos que lembrar é a mais óbvia: Músicos também são pessoas. E pessoas das mais diversas culturas, origens, religiões, possuem conflitos. Pessoas de uma mesma família, de um mesmo emprego, de uma mesma escola, de uma mesma instituição, muitas vezes não se dão bem. Então por que devería-mos pensar que músicos que dividem uma banda por algum período de tempo, deveriam necessariamente ser uma exceção?


O que me chama atenção em um grupo de músicos, é que muitas vezes este grupo possui particularidades interessantes as quais me motivaram a escrever este artigo. Se partir-mos do princípio que todo artista gosta e quer mostrar a sua arte, podemos começar bem a nossa reflexão. Arte esta que no caso de músicos em uma mesma banda, é compartilhada. Alguns músicos possuem noções muito claras a respeito do que eles querem tocar,(mesmo que a realidade deste fato seja as vezes discutível) e da maneira como eles querem tocar. Esta noção nem sempre coincide com a do outro integrante da banda.
Um breve histórico: A partir dos anos 90, o Heavy Metal passou a ganhar (e ainda ganha), inúmeros subgêneros e rótulos. As gravadoras e a mídia se beneficiaram destes rótulos, pois assim poderiam segmentar o seu público de forma mais específica. Em alguns casos, estes subgêneros chegaram a dividir o público de tal maneira, que o estilo como um tudo ficou prejudicado, especialmente no Brasil. Os fans se viam obrigados a "escolherem um lado". O Headbanger brasileiro já acostumado à rixas no futebol, começou a ver dentro do Metal algo semelhante. Havia a turminha do melódico, do thrash, do tradicional, do black, do white, do épico, do prog, e assim por diante. Não raro, fans deste ou daquele subgênero, limitam-se a ouvir apenas o subgênero por ele escolhido, ignorando por completo (ou quase) os demais. Esta situação, ainda é bastante comum nos dias atuais. Dentro das bandas de Metal, é comum haverem problemas que envolvem estes segmentos. O baterista quer fazer um som mais melódico, enquanto que o guitarrista quer fazer um som mais Thrash. Mas o problema é que o vocalista não alcança muito bem as notas agudas que o melódico exige, então ele prefere fazer um som mais tradicional... e assim por diante. Só aí, já podemos lembrar-nos de inúmeras bandas que não foram pra frente, simplesmente devido a esta falta de entrosamento no direcionamento musical a ser tomado pela banda.
Outros problemas se dão no campo pessoal também. Como já foi dito, músicos também são pessoas.
Nem todas as pessoas são obrigadas a se darem bem. Muitas delas, até (sabiamente) deixam suas rixas pessoais de lado visando um bem maior. Sempre haverá pessoas que possuem opiniões tão diferentes das nossas, e que, além disso, possuem dificuldade em respeitar a nossa, e com estas pessoas dificilmente teremos prazer em ter um convívio mais próximo. Com músicos acontece a mesma coisa. Alguns simplesmente não se dão por motivos simplesmente de cunho pessoal.
Baseado em já alguns bons anos de vivências em bandas de Rock e Heavy Metal, e também já tendo enfrentado os mais diversos tipos de conflitos pessoas (e certo de ainda não conhecer nem 1% dos tipos existentes possíveis...), vou tentar enumerar aqui o que eu considero como importante no sentido de se prevenir ou evitar determinados conflitos.
Um músico na grande maioria das vezes precisa de outros músicos para poder expressar o seu trabalho, seu talento e sua arte. Por isso, meu caro leitor (a) músico, que ainda é jovem. Você por acaso já se perguntou, se você se vê tocando com a sua banda no futuro? Uma banda é um grupo que pode conviver por anos, e muitas vezes o trabalho realizado dentro da banda, passa a ter importância mais do que significativa na vida dos músicos ali envolvidos.  Sendo assim, o primeiro ponto que eu gostaria de ressaltar:
- Uma banda precisa de uma liderança:
Esta liderança não necessariamente precisa ser exercida por apenas um integrante. Dois ou mais podem exercer esta função, ou mesmo todos os integrantes podem democraticamente possuir voz ativa dentro da mesma. Mas reparem que mesmo nestes casos, é muito comum haver aquele que geralmente toma à frente as situações com uma freqüência maior. Então muitos problemas já surgem aí. Muitas vezes esta liderança não é algo que se estabelece claramente dentro da banda. Comumente, um líder vai surgindo naturalmente, ou veladamente. Quando se percebe, a banda está sendo liderada por alguém, que simplesmente tomou à frente ou de certa forma "conquistou" ou mesmo "reclamou" para si aquela posição. Ainda que de forma não declarada. (Acreditem, é muito comum de acontecer).
Situação esta que quando descoberta, não raro gera conflitos, e se não são resolvidos, a banda pode perder integrantes, ou mesmo encerra suas atividades.
Recomendo ao leitor que possui sua banda, ou que pensa em ter ou formar uma. Estabeleçam previamente quem será o líder. Quais funções este líder deverá ter e se for o caso, quais privilégios também.
A máxima do "combinado não sai caro", vale muito nestes momentos. Lembrando que muitas vezes a posição de líder não demanda apenas privilégios, mas muitas vezes o líder é o que trabalha mais dentro de uma banda. Muitas vezes, é o líder quem fica encarregado de marcação de ensaios, captação de shows, composições, agendamento de estúdios, merchandising, mídias virtuais...
Sim, prezado leitor (a), tocar em uma banda dá muito trabalho. Não é apenas fazer shows, receber elogios, ser bem visto na sua turma, ser assediado pelas meninas, e etc. 
Já vi inúmeras bandas simplesmente encerrarem suas atividades  (muitas vezes depois de brigas), simplesmente pelo fato dela não possuir uma liderança. Seria o que eu poderia chamar de bandas “à deriva”.
Meu segundo ponto seria:
- Os (reais) objetivos da banda devem ser claramente acordados e firmados:
Outro motivo muito comum em conflitos envolvendo músicos é o que eu poderia chamar de choque de objetivos. Muitas vezes, um integrante tem em mente, que a banda vai se tornar profissional, irá gravar discos, fazer muitos shows, inclusive fora de sua cidade, quiçá até mesmo fora do seu estado e país. Mas não raro, outro (s) integrante, não está exatamente sintonizado com a idéia do primeiro. Para ele, a banda é um hobbie. Ele possui em mente (ou não), o que quer fazer com o seu futuro, muitas vezes, já pensa em ser um profissional de uma determinada área, sendo assim, ele já sabe que aquele momento para ele é passageiro. Ele está curtindo o presente, e só. Ele não se vê fazendo aquilo no futuro, ou mesmo nunca parou para pensar a respeito.  Recomendo ao leitor músico, se fazer a seguinte pergunta.
Você pretende estar tocando o seu instrumento daqui a cinco, dez, quinze ou mais anos?
Se você respondeu sim, a estas três variações de tempo, é provável que você queira ser um músico profissional. Por que em um determinado momento, você não vai mais ter 18 anos, e você realmente irá precisar pensar no seu futuro. Você precisará pensar a respeito de como irá fazer a sua vida. (Mais pra frente, eu pretendo tratar a respeito de profissões que podem ser escolhidas, que podem contribuir para o trabalho do músico quando o mesmo precisar escolher uma segunda atividade para seu sustento).
Algumas bandas fazem esta escolha de forma muito clara. Os integrantes fazem uma espécie de "pacto", e resolvem dedicar suas vidas para o trabalho dentro da banda. Recentemente, eu vi uma entrevista da banda paulista Claustrofobia no Youtube, onde eles dizem ter aberto mão de outras coisas, para viverem por conta da banda. Em minha opinião, escolhas assim são muito bonitas de serem feitas, justamente por exigirem uma reflexão muito séria de todos os envolvidos.
Lembre-se: Se você deseja que sua banda um dia se torne algo significativo, que possua um nome na cena, que possua um bom número de fãs, com shows lotados, turnês, discos lançados, você precisará se dedicar muito para isso. Estes elementos não irão cair do céu simplesmente. Você não irá acordar amanhã, e perceber que se tornou um rock star. Este é outro ponto que infelizmente fazem muitos músicos desistirem. Quando se dão conta do real trabalho que precisarão ter para que suas bandas sejam de fato reconhecidas. 
Tudo isso pode ser evitado, se os objetivos da banda sempre forem deixados claro para todos os envolvidos.
Para isso é de suma importância uma coisa relativamente simples: Diálogo. 
Muitas bandas simplesmente se desfazem ou perdem integrantes, por pura falta de diálogo e conversas.
Muitas vezes vale à pena abrir mão de alguns ensaios para simplesmente conversarem. Compartilhem opiniões das mais diversas envolvendo a banda de vocês. Gosto muito de conversar com a minha banda, sobre os shows que acabamos de fazer. Quais foram os pontos interessantes, quais não foram. Quais pontos devem ser evitados para o próximo, e assim por diante. O diálogo é de uma importância mais do que valiosa e muitas bandas não percebem isso. Recomendo que você faça reuniões periódicas com todos da banda, ao vivo e a cores. Nestas horas email, msn, e afins não irão ajudar. Conversem. Coloquem os pontos que estão "pegando". Também considero da maior importância que estas reuniões envolvam apenas os integrantes da banda, e seja realizada num ambiente privado. Principalmente quando estas reuniões sejam feitas visando resolução de conflitos. A banda precisa deste momento de privacidade. Sendo assim, encontrar com a banda no boteco onde a galera toda se reúne, definitivamente não vai funcionar. Vocês terão privacidade zero, e muitas vezes os problemas de vocês poderão ir parar em outras rodas de conversas, e conseqüentemente gerar boatos, rumores, etc. Acredite. Isso não contribuirá em nada para o trabalho de vocês. Tenham zelo pela privacidade, e conversem, discutam, debatam etc.
Vou terminando esta parte por aqui.
Este assunto vai exigir algumas seqüências deste artigo, e eu pretendo ir escrevendo, no decorrer das próximas semanas.
Estou aberto a críticas e sugestões. Se você está enfrentando algum problema dentro da sua banda e quiser falar a respeito, pedir opinião pode me escrever também: filipeduarte2010@gmail.com 
Não tenho a pretensão de "salvar" bandas ou algo do tipo. Mas ajuda, eu creio que deva sempre ser algo oferecido, desde que seja possível. 


Forte abraço: 


Filipe Duarte

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O fiasco de Lobão no Rock in Rio II

Um fato ainda muito recorrente, quando se fala em Rock brasileiro e mais especificamente, na carreira do músico Lobão, foi o fiasco sofrido por ele no Rock in Rio II em janeiro de 1991.
Vamos primeiro contextualizar os fatos. Lobão, a princípio, já havia sido descartado do Rock in Rio I, seis anos antes em 1985. Segundo a sua biografia, algumas negociações começaram neste sentido, mas logo ele teria sido sumariamente excluído do festival. Cazuza durante o show (no mesmo Rock in Rio I) com sua então banda, o Barão Vermelho, profere algumas palavras ao público em defesa de Lobão, dizendo que ele deveria estar ali no festival, e assim o Barão acaba tocando uma música dele no show. Bom, desta feita, no segundo Rock in Rio, eis que novamente o convite surge e, estando tudo pronto, Lobão finalmente tocaria.
Uma coisa é importante ressaltar. Na minha sincera opinião, Lobão encontrava-se numa grande fase, tanto como artista, como quando músico. Sua banda na época contava com um timasso de primeira. Kadu Menezes na batera, um verdadeiro monstro. Rodrigo Santos que logo depois veio integrar o Barão Vermelho (e lá está até hoje), entre outras feras. A banda estava super entrosada, e o show do Lobão tinha uma força incrível. Lobão encarava bem na época, o seu lado rockeiro e fazia uma interessante mistura do seu rock com Samba. Ele havia saído da cadeia pouco tempo antes, e havia gravado o álbum: "Sob o sol de parador" em Los Angeles, com produção de Liminha. E um ano antes, ele havia gravado o album "Vivo", naturalmente ao vivo no festival Hollywood Rock em São Paulo no estádio do Morumbi. Ou seja, o show do Rock in Rio II, provavelmente seria o mesmo ou bem parecido do que está registrado no "Vivo". Eu sinceramente considero este álbum um dos pontos altos da carreira de Lobão. Eu estava neste festival, como pré-adolescente, levado por um casal de tios, mas não cheguei a ir no dia deste show. (Na verdade cheguei a assistir a um show dele em julho de 91, ainda nesta fase, na cidade de Pedro Leopoldo em MG, e pude testemunhar a força que a banda tinha ao vivo).
Só que no Rock in Rio, Lobão errou a mão ao pedir para ser escalado para tocar na noite do Heavy Metal. Segundo ele diz em sua biografia, ele fez isso para "provocar". Infelizmente foi um equívoco. O próprio segmento Metal ainda era bastante conservador, comparando aos dias atuais, e o Sepultura estava começando a despontar no cenário Internacional. Para piorar ainda mais, Lobão levaria no seu show, a bateria da escola de Samba da Mangueira. (Normalmente ele trabalhava com 20 músicos, mas para este resolveu levar 40, para aumentar o peso). Outro revés: Na passagem de som, Lobão havia demarcado o palco de acordo com as medidas exatas exigidas em seu contrato, e assim ele se garantia com uma distancia boa da platéia, e consequentemente sua segurança. Mas no dia do evento, o equipamento de palco do Judas Priest mudou toda a história. O Judas entraria com uma Motocicleta, e isso gerou uma série de mudanças. Pra piorar ainda mais, artista nacional na época ainda era colocado como artista menor, e sem os mesmos privilégios das atrações internacionais. (Ainda vemos grandes e claros resquícios desta mentalidade em muitos shows e festivais Brasil afora...).
Resumindo, Lobão não teve alternativa a não ser se apresentar praticamente colado à platéia de Headbanguers, que haviam visto apenas 30 minutos de Sepultura, e ainda queriam ver Judas Priest, Megadeth e Guns N´Roses. Lobão subiu no palco sabendo que coisa boa não ia acontecer. Segundos antes de subir no palco, alguém lhe passa um capacede da cruz vermelha (!), cujo propósito era simplesmente lhe proteger a cabeça, ou seja, aquele capacete ridículo, não tinha nenhum objetivo digamos "estético", mas sim, proteção.
Lobão e sua banda, puderam apenas abrir o show com "Vida Louca Vida", e já na segunda música, ele abandona o palco, dizendo: "Eu sei que tem gente aplaudindo, mas neguinho aqui, não é palhaço não".
Ele sai, para não mais voltar. Alguns jornalistas americanos que cobriam o evento ao entrevistá-lo, não conseguiam entender direito o que havia acontecido, e nomearam o fato de "cultural rejection". Algo como rejeição cultural.
Vendo o vídeo abaixo, da primeira e única música tocada no show, podemos ver como a banda tocava com vontade, e como eles eram bons. Teria sido um grande show, não tenho dúvidas.
Não estou aqui, defendendo algum lado ou tomando algum partido. Acho que Lobão poderia perfeitamente ter sido encaixado em algum outro dia do festival e ter feito o seu grande show, sem problemas. A solução poderia ter sido simples. Lobão é conhecido por sua personalidade forte, humor áspero e de palavras muitas vezes indigestas. Tal fato não pode simplesmente vir sem consequências. Este fato no Rock in Rio certamente foi apenas uma delas. Também não acho que o público Headbanguer ali presente naquele dia, tinha que se sentir obrigado a assistir Lobão. Mas acho que poderiam ter ido renovar a cerveja naquela hora, e dado lugar aos fans de Lobão na frente do palco. Enfim, creio que uma solução mais pacífica poderia ter surgido, pois afinal de contas é isso que vemos acontecer em qualquer festival internacional. Quem compra ingresso para um festival, sabe quais bandas irão tocar. Se alguma das bandas, o cara não tem interesse em assistir,  pode-se simplesmente circular pelas dependências do local, e fazer outras coisas, enquanto aguarda o seu show favorito. Ou mesmo calcular melhor o seu momento de adentrar o local do festival. Atitudes assim seriam mais civilizadas. Em todo caso, creio que hoje em dia fatos como este dificilmente ocorreriam.

Confiram abaixo algumas fotos, e o vídeo do show em questão, e me digam se vcs não concordam que teria sido um showzaço.


Abraços e até a próxima!

FD

                           Lobão usando capacete em pleno show, para se proteger das garrafadas...
Vídeo da única música que ele conseguiu tocar no festival. Reparem na bandassa, totalmente entrosada.
 
Aqui podemos ver trechos do show no Hollywood Rock um ano antes, e dá pra se ter uma noção do que poderia ter sido o show no Rock in Rio. 



Reportagem da MTV na época, com entrevista com Lobão, logo após o ocorrido.