terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Uma visão sobre a relação entre músicos - Parte I

Este artigo tem como finalidade fazer uma reflexão a respeito do relacionamento interpessoal entre músicos ligados a bandas de Rock e Heavy Metal de um modo geral. Este assunto sempre me intrigou, e acho que muitos por aí também já devem te parado para se perguntar, se haveriam maneiras, ou dicas de como que estes relacionamentos podem ser melhores, ou se podem ser menos conflitantes, como na verdade o são, muitas vezes.
Eu mesmo já passei por inúmeras situações, onde houve conflitos envolvendo a mim e outros músicos com quem eu dividia uma banda, e da mesma forma também vemos o mesmo ocorrer em bandas mainstream.
Alguns exemplos podem ser citados, como a famosa rixa envolvendo David Gilmour e Roger Waters do Pink Floyd. É interessante frisar que o verdadeiro motivo do problema entre eles nunca veio a público (até onde eu sei), mas é notório de todos que os dois simplesmente não se dão. Algumas notícias mais recentes dão conta de uma reaproximação entre eles, mas nada exatamente confirmado.
Outras rixas conhecidas entre os famosos: Os irmãos Gallagher do grupo britânico Oasis, o famigerado caso David Mustaine versus Metallica, rixa esta que recentemente parece ter sido apaziguada com a turné do Big Four. Enfim, é difícil uma banda que nunca teve algum problema com algum integrante. Aqui no Brasil, também temos alguns casos conhecidos, como: Max Cavallera versus Sepultura. Lembrando que os próprios irmãos Cavallera ficaram sem se falar por cerca de 10 anos. Os integrantes das bandas Angra e Shaman (ou, devería-mos apenas mencionar André Matos), que também não se dão muito. 
Só que aqui, eu pretendo focar na realidade underground, que é aonde eu posso dizer que me insiro.
São inúmeros os casos que já presenciei de bandas que perderam integrantes, ou que mesmo chegaram a encerrar as atividades, simplesmente por que um ou mais músicos da mesma não puderam se entender em um determinado momento. Em algumas situações, a coisa chega a ficar realmente grave, envolvendo agressões verbais ou mesmo física. Em tempos de internet, o problema não raro se transfere para a realidade virtual, com boatos sendo espalhados, e o que em minha opinião é pior. Brigas e discussões via email, msn e afins.
Bom, vamos pensar no seguinte: A primeira coisa que temos que lembrar é a mais óbvia: Músicos também são pessoas. E pessoas das mais diversas culturas, origens, religiões, possuem conflitos. Pessoas de uma mesma família, de um mesmo emprego, de uma mesma escola, de uma mesma instituição, muitas vezes não se dão bem. Então por que devería-mos pensar que músicos que dividem uma banda por algum período de tempo, deveriam necessariamente ser uma exceção?


O que me chama atenção em um grupo de músicos, é que muitas vezes este grupo possui particularidades interessantes as quais me motivaram a escrever este artigo. Se partir-mos do princípio que todo artista gosta e quer mostrar a sua arte, podemos começar bem a nossa reflexão. Arte esta que no caso de músicos em uma mesma banda, é compartilhada. Alguns músicos possuem noções muito claras a respeito do que eles querem tocar,(mesmo que a realidade deste fato seja as vezes discutível) e da maneira como eles querem tocar. Esta noção nem sempre coincide com a do outro integrante da banda.
Um breve histórico: A partir dos anos 90, o Heavy Metal passou a ganhar (e ainda ganha), inúmeros subgêneros e rótulos. As gravadoras e a mídia se beneficiaram destes rótulos, pois assim poderiam segmentar o seu público de forma mais específica. Em alguns casos, estes subgêneros chegaram a dividir o público de tal maneira, que o estilo como um tudo ficou prejudicado, especialmente no Brasil. Os fans se viam obrigados a "escolherem um lado". O Headbanger brasileiro já acostumado à rixas no futebol, começou a ver dentro do Metal algo semelhante. Havia a turminha do melódico, do thrash, do tradicional, do black, do white, do épico, do prog, e assim por diante. Não raro, fans deste ou daquele subgênero, limitam-se a ouvir apenas o subgênero por ele escolhido, ignorando por completo (ou quase) os demais. Esta situação, ainda é bastante comum nos dias atuais. Dentro das bandas de Metal, é comum haverem problemas que envolvem estes segmentos. O baterista quer fazer um som mais melódico, enquanto que o guitarrista quer fazer um som mais Thrash. Mas o problema é que o vocalista não alcança muito bem as notas agudas que o melódico exige, então ele prefere fazer um som mais tradicional... e assim por diante. Só aí, já podemos lembrar-nos de inúmeras bandas que não foram pra frente, simplesmente devido a esta falta de entrosamento no direcionamento musical a ser tomado pela banda.
Outros problemas se dão no campo pessoal também. Como já foi dito, músicos também são pessoas.
Nem todas as pessoas são obrigadas a se darem bem. Muitas delas, até (sabiamente) deixam suas rixas pessoais de lado visando um bem maior. Sempre haverá pessoas que possuem opiniões tão diferentes das nossas, e que, além disso, possuem dificuldade em respeitar a nossa, e com estas pessoas dificilmente teremos prazer em ter um convívio mais próximo. Com músicos acontece a mesma coisa. Alguns simplesmente não se dão por motivos simplesmente de cunho pessoal.
Baseado em já alguns bons anos de vivências em bandas de Rock e Heavy Metal, e também já tendo enfrentado os mais diversos tipos de conflitos pessoas (e certo de ainda não conhecer nem 1% dos tipos existentes possíveis...), vou tentar enumerar aqui o que eu considero como importante no sentido de se prevenir ou evitar determinados conflitos.
Um músico na grande maioria das vezes precisa de outros músicos para poder expressar o seu trabalho, seu talento e sua arte. Por isso, meu caro leitor (a) músico, que ainda é jovem. Você por acaso já se perguntou, se você se vê tocando com a sua banda no futuro? Uma banda é um grupo que pode conviver por anos, e muitas vezes o trabalho realizado dentro da banda, passa a ter importância mais do que significativa na vida dos músicos ali envolvidos.  Sendo assim, o primeiro ponto que eu gostaria de ressaltar:
- Uma banda precisa de uma liderança:
Esta liderança não necessariamente precisa ser exercida por apenas um integrante. Dois ou mais podem exercer esta função, ou mesmo todos os integrantes podem democraticamente possuir voz ativa dentro da mesma. Mas reparem que mesmo nestes casos, é muito comum haver aquele que geralmente toma à frente as situações com uma freqüência maior. Então muitos problemas já surgem aí. Muitas vezes esta liderança não é algo que se estabelece claramente dentro da banda. Comumente, um líder vai surgindo naturalmente, ou veladamente. Quando se percebe, a banda está sendo liderada por alguém, que simplesmente tomou à frente ou de certa forma "conquistou" ou mesmo "reclamou" para si aquela posição. Ainda que de forma não declarada. (Acreditem, é muito comum de acontecer).
Situação esta que quando descoberta, não raro gera conflitos, e se não são resolvidos, a banda pode perder integrantes, ou mesmo encerra suas atividades.
Recomendo ao leitor que possui sua banda, ou que pensa em ter ou formar uma. Estabeleçam previamente quem será o líder. Quais funções este líder deverá ter e se for o caso, quais privilégios também.
A máxima do "combinado não sai caro", vale muito nestes momentos. Lembrando que muitas vezes a posição de líder não demanda apenas privilégios, mas muitas vezes o líder é o que trabalha mais dentro de uma banda. Muitas vezes, é o líder quem fica encarregado de marcação de ensaios, captação de shows, composições, agendamento de estúdios, merchandising, mídias virtuais...
Sim, prezado leitor (a), tocar em uma banda dá muito trabalho. Não é apenas fazer shows, receber elogios, ser bem visto na sua turma, ser assediado pelas meninas, e etc. 
Já vi inúmeras bandas simplesmente encerrarem suas atividades  (muitas vezes depois de brigas), simplesmente pelo fato dela não possuir uma liderança. Seria o que eu poderia chamar de bandas “à deriva”.
Meu segundo ponto seria:
- Os (reais) objetivos da banda devem ser claramente acordados e firmados:
Outro motivo muito comum em conflitos envolvendo músicos é o que eu poderia chamar de choque de objetivos. Muitas vezes, um integrante tem em mente, que a banda vai se tornar profissional, irá gravar discos, fazer muitos shows, inclusive fora de sua cidade, quiçá até mesmo fora do seu estado e país. Mas não raro, outro (s) integrante, não está exatamente sintonizado com a idéia do primeiro. Para ele, a banda é um hobbie. Ele possui em mente (ou não), o que quer fazer com o seu futuro, muitas vezes, já pensa em ser um profissional de uma determinada área, sendo assim, ele já sabe que aquele momento para ele é passageiro. Ele está curtindo o presente, e só. Ele não se vê fazendo aquilo no futuro, ou mesmo nunca parou para pensar a respeito.  Recomendo ao leitor músico, se fazer a seguinte pergunta.
Você pretende estar tocando o seu instrumento daqui a cinco, dez, quinze ou mais anos?
Se você respondeu sim, a estas três variações de tempo, é provável que você queira ser um músico profissional. Por que em um determinado momento, você não vai mais ter 18 anos, e você realmente irá precisar pensar no seu futuro. Você precisará pensar a respeito de como irá fazer a sua vida. (Mais pra frente, eu pretendo tratar a respeito de profissões que podem ser escolhidas, que podem contribuir para o trabalho do músico quando o mesmo precisar escolher uma segunda atividade para seu sustento).
Algumas bandas fazem esta escolha de forma muito clara. Os integrantes fazem uma espécie de "pacto", e resolvem dedicar suas vidas para o trabalho dentro da banda. Recentemente, eu vi uma entrevista da banda paulista Claustrofobia no Youtube, onde eles dizem ter aberto mão de outras coisas, para viverem por conta da banda. Em minha opinião, escolhas assim são muito bonitas de serem feitas, justamente por exigirem uma reflexão muito séria de todos os envolvidos.
Lembre-se: Se você deseja que sua banda um dia se torne algo significativo, que possua um nome na cena, que possua um bom número de fãs, com shows lotados, turnês, discos lançados, você precisará se dedicar muito para isso. Estes elementos não irão cair do céu simplesmente. Você não irá acordar amanhã, e perceber que se tornou um rock star. Este é outro ponto que infelizmente fazem muitos músicos desistirem. Quando se dão conta do real trabalho que precisarão ter para que suas bandas sejam de fato reconhecidas. 
Tudo isso pode ser evitado, se os objetivos da banda sempre forem deixados claro para todos os envolvidos.
Para isso é de suma importância uma coisa relativamente simples: Diálogo. 
Muitas bandas simplesmente se desfazem ou perdem integrantes, por pura falta de diálogo e conversas.
Muitas vezes vale à pena abrir mão de alguns ensaios para simplesmente conversarem. Compartilhem opiniões das mais diversas envolvendo a banda de vocês. Gosto muito de conversar com a minha banda, sobre os shows que acabamos de fazer. Quais foram os pontos interessantes, quais não foram. Quais pontos devem ser evitados para o próximo, e assim por diante. O diálogo é de uma importância mais do que valiosa e muitas bandas não percebem isso. Recomendo que você faça reuniões periódicas com todos da banda, ao vivo e a cores. Nestas horas email, msn, e afins não irão ajudar. Conversem. Coloquem os pontos que estão "pegando". Também considero da maior importância que estas reuniões envolvam apenas os integrantes da banda, e seja realizada num ambiente privado. Principalmente quando estas reuniões sejam feitas visando resolução de conflitos. A banda precisa deste momento de privacidade. Sendo assim, encontrar com a banda no boteco onde a galera toda se reúne, definitivamente não vai funcionar. Vocês terão privacidade zero, e muitas vezes os problemas de vocês poderão ir parar em outras rodas de conversas, e conseqüentemente gerar boatos, rumores, etc. Acredite. Isso não contribuirá em nada para o trabalho de vocês. Tenham zelo pela privacidade, e conversem, discutam, debatam etc.
Vou terminando esta parte por aqui.
Este assunto vai exigir algumas seqüências deste artigo, e eu pretendo ir escrevendo, no decorrer das próximas semanas.
Estou aberto a críticas e sugestões. Se você está enfrentando algum problema dentro da sua banda e quiser falar a respeito, pedir opinião pode me escrever também: filipeduarte2010@gmail.com 
Não tenho a pretensão de "salvar" bandas ou algo do tipo. Mas ajuda, eu creio que deva sempre ser algo oferecido, desde que seja possível. 


Forte abraço: 


Filipe Duarte

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O fiasco de Lobão no Rock in Rio II

Um fato ainda muito recorrente, quando se fala em Rock brasileiro e mais especificamente, na carreira do músico Lobão, foi o fiasco sofrido por ele no Rock in Rio II em janeiro de 1991.
Vamos primeiro contextualizar os fatos. Lobão, a princípio, já havia sido descartado do Rock in Rio I, seis anos antes em 1985. Segundo a sua biografia, algumas negociações começaram neste sentido, mas logo ele teria sido sumariamente excluído do festival. Cazuza durante o show (no mesmo Rock in Rio I) com sua então banda, o Barão Vermelho, profere algumas palavras ao público em defesa de Lobão, dizendo que ele deveria estar ali no festival, e assim o Barão acaba tocando uma música dele no show. Bom, desta feita, no segundo Rock in Rio, eis que novamente o convite surge e, estando tudo pronto, Lobão finalmente tocaria.
Uma coisa é importante ressaltar. Na minha sincera opinião, Lobão encontrava-se numa grande fase, tanto como artista, como quando músico. Sua banda na época contava com um timasso de primeira. Kadu Menezes na batera, um verdadeiro monstro. Rodrigo Santos que logo depois veio integrar o Barão Vermelho (e lá está até hoje), entre outras feras. A banda estava super entrosada, e o show do Lobão tinha uma força incrível. Lobão encarava bem na época, o seu lado rockeiro e fazia uma interessante mistura do seu rock com Samba. Ele havia saído da cadeia pouco tempo antes, e havia gravado o álbum: "Sob o sol de parador" em Los Angeles, com produção de Liminha. E um ano antes, ele havia gravado o album "Vivo", naturalmente ao vivo no festival Hollywood Rock em São Paulo no estádio do Morumbi. Ou seja, o show do Rock in Rio II, provavelmente seria o mesmo ou bem parecido do que está registrado no "Vivo". Eu sinceramente considero este álbum um dos pontos altos da carreira de Lobão. Eu estava neste festival, como pré-adolescente, levado por um casal de tios, mas não cheguei a ir no dia deste show. (Na verdade cheguei a assistir a um show dele em julho de 91, ainda nesta fase, na cidade de Pedro Leopoldo em MG, e pude testemunhar a força que a banda tinha ao vivo).
Só que no Rock in Rio, Lobão errou a mão ao pedir para ser escalado para tocar na noite do Heavy Metal. Segundo ele diz em sua biografia, ele fez isso para "provocar". Infelizmente foi um equívoco. O próprio segmento Metal ainda era bastante conservador, comparando aos dias atuais, e o Sepultura estava começando a despontar no cenário Internacional. Para piorar ainda mais, Lobão levaria no seu show, a bateria da escola de Samba da Mangueira. (Normalmente ele trabalhava com 20 músicos, mas para este resolveu levar 40, para aumentar o peso). Outro revés: Na passagem de som, Lobão havia demarcado o palco de acordo com as medidas exatas exigidas em seu contrato, e assim ele se garantia com uma distancia boa da platéia, e consequentemente sua segurança. Mas no dia do evento, o equipamento de palco do Judas Priest mudou toda a história. O Judas entraria com uma Motocicleta, e isso gerou uma série de mudanças. Pra piorar ainda mais, artista nacional na época ainda era colocado como artista menor, e sem os mesmos privilégios das atrações internacionais. (Ainda vemos grandes e claros resquícios desta mentalidade em muitos shows e festivais Brasil afora...).
Resumindo, Lobão não teve alternativa a não ser se apresentar praticamente colado à platéia de Headbanguers, que haviam visto apenas 30 minutos de Sepultura, e ainda queriam ver Judas Priest, Megadeth e Guns N´Roses. Lobão subiu no palco sabendo que coisa boa não ia acontecer. Segundos antes de subir no palco, alguém lhe passa um capacede da cruz vermelha (!), cujo propósito era simplesmente lhe proteger a cabeça, ou seja, aquele capacete ridículo, não tinha nenhum objetivo digamos "estético", mas sim, proteção.
Lobão e sua banda, puderam apenas abrir o show com "Vida Louca Vida", e já na segunda música, ele abandona o palco, dizendo: "Eu sei que tem gente aplaudindo, mas neguinho aqui, não é palhaço não".
Ele sai, para não mais voltar. Alguns jornalistas americanos que cobriam o evento ao entrevistá-lo, não conseguiam entender direito o que havia acontecido, e nomearam o fato de "cultural rejection". Algo como rejeição cultural.
Vendo o vídeo abaixo, da primeira e única música tocada no show, podemos ver como a banda tocava com vontade, e como eles eram bons. Teria sido um grande show, não tenho dúvidas.
Não estou aqui, defendendo algum lado ou tomando algum partido. Acho que Lobão poderia perfeitamente ter sido encaixado em algum outro dia do festival e ter feito o seu grande show, sem problemas. A solução poderia ter sido simples. Lobão é conhecido por sua personalidade forte, humor áspero e de palavras muitas vezes indigestas. Tal fato não pode simplesmente vir sem consequências. Este fato no Rock in Rio certamente foi apenas uma delas. Também não acho que o público Headbanguer ali presente naquele dia, tinha que se sentir obrigado a assistir Lobão. Mas acho que poderiam ter ido renovar a cerveja naquela hora, e dado lugar aos fans de Lobão na frente do palco. Enfim, creio que uma solução mais pacífica poderia ter surgido, pois afinal de contas é isso que vemos acontecer em qualquer festival internacional. Quem compra ingresso para um festival, sabe quais bandas irão tocar. Se alguma das bandas, o cara não tem interesse em assistir,  pode-se simplesmente circular pelas dependências do local, e fazer outras coisas, enquanto aguarda o seu show favorito. Ou mesmo calcular melhor o seu momento de adentrar o local do festival. Atitudes assim seriam mais civilizadas. Em todo caso, creio que hoje em dia fatos como este dificilmente ocorreriam.

Confiram abaixo algumas fotos, e o vídeo do show em questão, e me digam se vcs não concordam que teria sido um showzaço.


Abraços e até a próxima!

FD

                           Lobão usando capacete em pleno show, para se proteger das garrafadas...
Vídeo da única música que ele conseguiu tocar no festival. Reparem na bandassa, totalmente entrosada.
 
Aqui podemos ver trechos do show no Hollywood Rock um ano antes, e dá pra se ter uma noção do que poderia ter sido o show no Rock in Rio. 



Reportagem da MTV na época, com entrevista com Lobão, logo após o ocorrido. 


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Alice Pink Pank - A holandesinha que chacoalhou Rock Brasileiro no começo dos anos 80.




Gostaria de começar falando aqui sobre uma personagem,  de certa forma pouco conhecida do público em geral, e principalmente daqueles que possuem menos de 30 anos atualmente. Estou me referindo à Alice Pink Pank, ou Alice Vermeulen, seu verdadeiro nome. Alice formou-se como professora de balé clássico na Academia de Dança do Brabants Conservatorium nos Países Baixos, optando em seguida por uma carreira musical. Não se sabe muito bem por que cargas d´água, ela resolveu vir para o Brasil creio que em 1980. Provavelmente com algum intermédio de Júlio Barroso, idealizador do grupo Gang 90 e as absurdettes, a qual Alice seria uma das dançarinas e Backing Vocals. (Ou seja, uma das absurdettes). Alice deu o que falar, com seu jeito sensual e avançado para os padrões da época. Percorreu todo o Brasil fazendo shows com a Gang 90. Creio que por volta de 83 ou 84, ela troca o Júlio por Lobão, e passa a fazer parte do grupo "Lobão e os Ronaldos". Alice teve um papel fundamental nesta fase da carreira de Lobão, pois era tecladista do grupo e também cantora backing vocal. Por algum motivo desconhecido, Alice ao terminar seu namoro com Lobão, resolve voltar para seu país de origem, onde hoje trabalha com o grupo "The Dreamteam" e e atua como professora de balé clássico no Fontys Conservatorium (antigo Brabants Conservatorium).
Existem alguns fatos interessantes relativos à Alice, que particularmente me motivaram a escrever este artigo.
O primeiro deles é que um dos maiores sucessos do Lobão, "Me chama", música esta interpretada por mim em grande parte dos meus shows na noite, teve parte de sua letra inspirada nela. Vou tentar resumir. Atendendo um convite da própria Alice, Lobão que realizava alguns shows em Nova York, resolve ir com ela para a Holanda para conhecer a família da namorada, e de quebra também conhecer a cidade do seu avô. (Para quem não sabe, Lobão também descende de holandeses). Uma vez que o casal encontra-se por lá, Alice infelizmente vem a perder o seu pai. Lobão tinha compromissos no Brasil e estava sem grana, e resolve voltar para o Rio, mas Alice permanece por na Holanda por mais algumas semanas, devido a morte do pai. Contextualizemos: Em 84, não havia internet, celular, e o caralho a quatro. Ao chegar no Rio, Lobão descobre que seu telefone havia sido cortado por falta de pagamento, (as coisas iam mal pro lado dele), sendo assim ele só podia receber ligações. Sendo assim, a única forma dele obter informações sobre Alice seria se ela ligasse, o que demorava para ocorrer. Numa noite chuvosa, Lobão angustiado escreve: "Chove la fora e aqui, faz tanto frio... me chama, me chama...". Os outros versos da música foram escritos baseados em outros momentos. Alice acaba voltando para o Rio, mas terminaria o namoro com Lobão pouco tempo depois, retornando para a Holanda em definitivo.
Outro fato interessantíssimo em relação à Alice, é uma coisa que pouquíssima gente sabe, e está relatado no Livro; "Noites Tropicais" de Nelson Motta. Antes dela vir ao Brasil, ela participa em Londres do primeiro disco do U2, Boy. Ela teve a visão de prever que o U2 seria uma banda muito querida dos brasileiros e anteviu o sucesso dos irlandeses por aqui. Ela não poderia ter acertado mais. Tanto que o U2 fará uma temporada de quatro(!) shows no Brasil em 2011, por que a cada show anunciado, os ingressos esgotavam-se imediatamente.  
Essa holandesinha realmente deu o que falar.
Pesquisando pela internet, não há muito sobre ela. Não sei se ela ainda vem ao Brasil. Como ela morou 6 anos por aqui, acredito que um português pelo menos básico ela deve falar. Seria legal uma nova turné do Lobão tendo ela como participação especial, não é mesmo?

Uma foto atual de Alice:
Abaixo um vídeo dela com a Gang 90 no Chacrinha.
Creio que ela seja a de cabelos curtos pretos, na esquerda em relação às outras três garotas. 


Estréia

Post número 1!

Este blog tem como finalidade, única e simplesmente...falar deste gênero musical que eu amo, respiro e vivo diariamente e você também. O Rock!
Tentarei com cada post, falar de assuntos ligados ao Rock, atualidades, novas e antigas bandas, etc.
Espero criar seguidores.
Comentários, críticas, sugestões, serão sempre bem vindos.